Entenda a diferença entre estar casado e morar junto
O frio na
barriga do primeiro encontro, o início do namoro, os planos de formar uma
família e o tão esperado pedido de casamento. Depois os preparativos do
enxoval, da casa, da festa... até que o tão esperado dia chega.
Esse roteiro
já foi imaginado por centenas de milhões de pessoas pelo mundo afora, mas está
cada dia mais sendo substituído. Nos Estados Unidos (EUA), só nos últimos 50
anos, o número de casais que vivem juntos, sem serem casados oficialmente,
aumentou 1.500%. Se em 1960 eram 450 mil, hoje são 7,5 milhões. É o fenômeno
chamado coabitação (habitar em comum).
No Brasil
também é crescente a união consensual (aquela em que não há cerimônia no civil
nem no religioso). Dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) apontam um crescimento de 8% desse tipo de união.
Mas uma
pesquisa realizada pelo National Marriage Project, da Universidade de Virgínia,
nos EUA, revelou um dado interessante da relação entre a coabitação e o aumento
no número de divórcios. Segundo o estudo, os casais que moram juntos antes do
casamento (e especialmente antes de um noivado ou de um compromisso claro)
tendem a ser menos satisfeitos com seus casamentos e mais propensos ao divórcio
que casais que não moram.
Uma decisão
impensada
São muitos
os motivos alegados para um casal morar junto. Seria mais barato e conveniente,
já que, em vez de passar mais tempo um na casa do outro, podem ficar em um só
lugar e dividir as contas. E se não der certo a saída é rápida e acontece
gradualmente, sem nenhum marco inicial de anéis ou cerimônias.
A assistente
social Gabriele Lima (foto ao lado), de 29 anos, tinha 22 quando resolveu morar
junto com o então namorado. “Foi logo nos primeiros meses do namoro. Ele
trabalhava em uma empresa que ficava mais próxima da minha casa do que da casa
dele, então, era mais conveniente ele vir para a minha casa. Aos poucos ele foi
deixando roupas, objetos pessoais e, quando nos demos conta, já estávamos
morando juntos, o que durou 8 meses.”
Com o
decorrer da relação, ela pode ver um lado do namorado que não deu tempo de
conhecer antes. “No início era muito bom. Eu estava nas estrelas. Ele me
tratava bem, me levava para passear e nós tínhamos uma boa relação. Porém, com
o passar do tempo ele não me dava mais atenção. Nós brigávamos por qualquer
coisa. Ele me xingava, não me respeitava mais. Foi tudo muito rápido. Eu
percebi que ele não era aquela pessoa que eu havia conhecido alguns meses
antes”, relembra.
O fim do
relacionamento trouxe dores emocionais para Gabriela. “Com o tempo ele ficou
ainda mais frio, e 2 dias depois do meu aniversário ele terminou comigo. Foi
horrível. Ele me levou até o ponto de ônibus tarde da noite e me deixou lá,
sozinha. Parecia que eu era um pacote que ele deixava na rua. Eu fiquei
arrasada. Não tinha estrutura psicológica nem espiritual para aquela situação e
entrei em depressão. Tentei me matar duas vezes. Mas com fé fui retomando a
vida aos poucos. Hoje, eu tenho amor próprio, sou feliz e completa. Por isso
procuro um relacionamento que some à minha vida, em que eu encontre segurança e
muito amor.”
Sobre morar juntos,
Gabriela tem uma opinião muito definida: “Não moraria junto com nenhum homem
novamente, pois entendo que essa forma de relacionamento não valoriza a mulher
e nos faz perder o respeito.”
Fácil de
entrar, fácil de sair
Muitos
casais quando são indagados sobre o porquê de não oficializarem a união alegam
que se trata apenas de um pedaço de papel que não faz nenhuma diferença. O
casal Renato e Cristiane Cardoso, apresentadores do programa “The Love School –
A Escola do Amor” tem uma ótima resposta para essa que consideram uma desculpa:
“Se é só um pedaço de papel mesmo, então por que você não assina?” Eles
consideram que a falta de atitude está no fato de que todos sabem que casamento
não é só um pedaço de papel, e sim um compromisso mais sério do que muitos
gostariam de assumir. E a facilidade de entrar e sair de um relacionamento em
que ambos optaram apenas por morar juntos é maior.
Os
apresentadores ressaltam o que significa oficializar a união: “É uma aliança,
um compromisso de vida entre duas pessoas que empenham a sua palavra uma à
outra. E palavra não escrita é fácil de mudar e voltar atrás.”
Por Núbia
Onara / Fotos: Thinkstock e Cedidas
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