A chegada de
um evangélico ao Palácio do Planalto é, pelo menos nas eleições presidenciais
deste ano, algo impossível de se projetar, mas a candidatura do Pastor Everaldo
à Presidência da República pode ser um fato decisivo à realização de um segundo
turno entre os dois principais candidatos. Três fatores merecem destaque na
análise a seguir.
Primeiro: o
crescimento vertiginoso do movimento pentecostal brasileiro representa um nicho
de influência indiscutível do ponto de vista estatístico, embora a maioria dos
pentecostais nem sempre segue as diretrizes de seus superiores. No entanto, é
expressivo o número de pentecostais que entendem à candidatura de um pastor à
presidência como algo positivo e, ao mesmo tempo, representativo do ponto de
vista cristão. Por outro, em um eventual segundo turno (dessa vez de forma
automática), evangélicos pentecostais das classes c e d e dependentes dos
programas sociais do governo federal, devam optar pela manutenção da atual
gestão presidencial, que busca a reeleição.
O segundo
ponto a se destacar é que, visando minar as pretensões palacianas de liquidar a
eleição presidencial já no primeiro turno, figuras de destaque do universo
pentecostal e neopentecostal – a exemplo de Silas Malafaia e Magno Malta -,
fecham apoio à candidatura do Pastor Everaldo. São inclinações de peso, embora,
na prática, a política brasileira seja transversal, e nem sempre vertical.
Entretanto, a associação de imagens de grande apelo político e midiático terá
impacto relevante na atração de um grande número de eleitores evangélicos
pentecostais e conservadores de direita.
O terceiro
ponto, e talvez mais importante do ponto de vista ético, é que, dadas as
recentes manchetes de peripécias econômicas, de clientelismo e coronelismo no
município de Claudio, e de denúncias de suposta tentativa de “compra de apoio
político em Pernambuco”, a imagem do pastor assembleiano deva se fortalecer.
Livre de denuncismos, de irresponsabilidade gerencial, de aeroportos, os ventos
sopram a seu favor. A escolha de um pastor desconhecido da grande mídia – em
contraposição à universalização da imagem dos televangelistas e neopentecostais
– parece seguir uma lógica indiscutível: centralizar o apoio evangélico em um
candidato livre de “suspeitas”.
Tais fatores
são decisivos, de grande importância no sentido de consolidação da realização
de um segundo turno nas eleições presidenciais, embora as condições sociais e
de formação escolar dos pentecostais terão efeitos diversos, de aproximação com
a atual gestão presidencial, por uma questão de sobrevivência, de manutenção
dos programas sociais aos quais estão “atrelados”. Também convém acrescentar
que, embora seja uma peça importante à realização do segundo turno, o pastor
Everaldo dificilmente poderá contribuir com a vitória do virtual segundo
colocado na disputa pelo palácio. Porém, é importante antever, a contribuição
evangélica terá um papel central nas futuras disputas, quando o número de fieis
poderá equilibrar a balança, dar maior peso ao nicho – mas é uma projeção para
duas ou três décadas, ou um pouco mais. É uma projeção pontual!
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