O objetivo
de quem participa da mesa do Senhor deve ser única e exclusivamente anunciar a
morte de Cristo. Se alguém usa do cerimonial comemorativo estabelecido por
Cristo de modo indevido, como estava sendo feito por alguns da igreja de
Corinto, acaba por tornar-se culpado da morte de Cristo (...) Aqueles que não
discernem o corpo de Cristo, que é a igreja, e que continuam a participar do
pão e do cálice, estes são réus, merecedores de castigo. Quando a pessoa não
diferencia o que é o corpo de Cristo, ele acaba sendo egoísta, causando
divisões e dissensões, o que demonstra que ele não está ligado à cabeça da
igreja, que é Cristo.
O Alerta
Solene
As mensagens
e sermões que antecedem a cerimônia da ceia geralmente contêm alertas quanto ao
não cear indignamente. Os pregadores solicitam aos ouvintes que façam um
auto-exame e apelam para a consciência dos ouvintes: Não participem do cálice e
do pão indignamente!
Alguns
pregadores alegam que, se alguém cometeu um errou durante a semana, acabou por
tornar-se indigno de participar do cálice e do pão. Outros alegam que, caso
alguém não tenha se santificado durante o decurso da semana, também será
culpado do corpo e do sangue de Cristo, isto, se participar do pão e do cálice.
Diante deste
impasse, fica a questão: O que é participar do pão e do cálice indignamente?
Para
compreendermos o que Paulo escreveu aos cristãos de Corinto, analisemos o
capítulo 11 da carta que foi endereçada a eles.
O Contexto
"Sede
meus imitadores, como também eu de Cristo" (v. 1).
Antes de
analisarmos o texto que geralmente é lido no cerimonial da comemoração da morte
de Cristo, é preciso determinar qual o contexto que motivou o apóstolo Paulo a
escrevê-lo.
Para esta
análise é preciso ler o capítulo anterior, onde é demonstrado com se deu e no
que consiste a liberdade cristã.
Paulo lembra
os cristãos de que todas as coisas são licitas, mas que nem todas são
convenientes. Há coisas que são licitas, porém, nada constroem ( 1Co 10:23 ).
Para resumir os elementos pertinentes à liberdade, Paulo demonstra que, tudo
quanto o cristão fizer, deve fazer para a glória de Deus ( 1Co 10:31 ).
Ou seja,
Paulo solicita aos irmãos que tivessem um comportamento que não escandalizasse
nem os judeu, nem os gregos e nem a igreja de Deus "Portai-vos de modo que
não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. Como
também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de
muitos, para que assim se possam salvar" ( 1Co 10:32 -33).
Paulo
demonstra que, para não causar escândalos a quem quer que seja, ele procurava
não satisfazer os seus próprios interesses, antes, buscava o interesse de
muitos, com o único fito de salvar a muitos (v. 33).
Paulo
demonstra que, a sua atitude pessoal era uma imitação clara das atitudes de
Cristo, que não procurou agradar a Si mesmo. Desta maneira Paulo aconselha os
cristãos a que fossem seus imitadores ( 1Co 11:1 ).
O capítulo
11 aborda dois temas distintos: o uso do véu na igreja de Corinto e a Ceia do
Senhor. Para falar a respeito destes dois temas, o apóstolo fez dois tipos de
abordagem: ao falar do uso do véu, Paulo louva os cristãos por lembrarem-se do
que lhes fora ensinado anteriormente. Ao falar da Ceia, o apóstolo não louva os
cristãos.
"Nisto,
porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para
melhor, senão para pior" (v. 17).
O apóstolo
louva os cristãos por em tudo se lembrarem dele e dos preceitos que guardavam
conforme foram ensinados, mas repreende a todos pela conduta durante o
cerimonial da Ceia ( 1Co 11:17 ).
Desta
maneira, verifica-se que o contexto do verso 17 em diante é de repreensão. Contexto
bem diferente da instrução anterior, que foi o uso do véu.
Mas, qual o
objetivo da censura do apóstolo? O que Paulo estava coibindo?
O apóstolo
Paulo censura os cristãos de Coríntios por causa de suas reuniões "...
pois vos reunis, não para melhor, senão para pior" ( 1Co 11:1 ). Ou seja,
o assunto abordado e discutido do verso 17 em diante gira em torno das reuniões
dos cristãos. Isto porque as suas reuniões não eram para melhor, senão para
pior.
O objetivo,
ou a finalidade da reunião dos cristãos estava desvirtuado, e por este motivo
específico, Paulo censura a conduta dos cristãos. Conduta esta que podia causar
escândalo à igreja de Deus.
Problemas
nas Reuniões
"Porque
antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós divisões; e
em parte o creio" (v. 18).
O apóstolo
escreveu com base naquilo que ouviu a respeito do que estava acontecendo nas
reuniões. Paulo ouviu de alguém que na igreja de Corinto havia divisões.
Paulo é
cauteloso a cerca do que ouviu "... e em parte o creio" (v. 18).
Sobre as
dissensões na igreja de Corinto, Paulo foi informado pelos da família de Cloé,
e já havia recomendado aos cristãos que não agissem desta forma ( 1Co 1:10 ).
Porém, o problema em pauta já não é dissensão, e sim, divisões de ordem
socioeconômica.
Observe que
as dissensões eram promovidas por questões partidárias no seio da igreja. Já as
divisões surgiram por causa daqueles que tinham o que comer, e os que não
tinham. Esta atitude acabava por envergonhar aqueles que nada tinham para comer
(v. 22).
Divisões,
Dissensões ou Heresias?
"E até
importa que haja entre vós diferenças, para que os que são sinceros se
manifestem entre vós" (v. 19).
O apóstolo
ressalta que as diferenças entre os cristãos são necessárias.
Diante das
diferenças os cristãos sinceros desenvolvem a tolerância, o amor ao próximo, a
sinceridade, a moderação, a misericórdia, etc ( Tg 3:17 ).
Os homens e
as instituições não toleram diferenças, e na sua maioria empregam meios para
minimizar as diferenças, ou até mesmo excluir aqueles que são diferentes.
A proposta
das diferenças na criação é a interação harmoniosa dos homens, porém, estas
diferenças funcionam como um reagente, tornando visível a malignidade da
natureza humana corrompida pelo pecado em Adão: dissensões, porfias, vã gloria,
inveja, contendas, confusão, mentiras, etc ( Tg 3:14 -15).
Embora os
cristãos já estivessem libertos da natureza pecaminosa, sendo nova criatura
pela fé em Cristo, o entendimento de 'mundo' deles ainda precisava ser
reformulado. Embora nova criatura, ainda não haviam se despido dos feitos da
velha natureza, o que só é possível através da transformação operada pelo
renovar do entendimento.
O evangelho
de Cristo não busca acabar com as diferenças. Da mesma forma, a igreja de
Cristo é constituída daqueles que crêem, não importando as diferenças sociais (
Gl 3:26 -29). Não importa as diferenças, todos são filhos de Deus pela fé em
Cristo.
Este
versículo demonstra que, mesmo tratando de certas questões geradas pela
diferenças, jamais foi o objetivo de Paulo extirpá-las. O problema dos cristãos
não era as diferenças, antes a forma de lidar com elas.
Quanto a
forma de se lidar com as diferenças, este assunto já havia sido abordado no
capítulo anterior ( 1Co 10:31 -33).
Há algumas
traduções que rezam: "E até importa que haja entre vós heresias, para que
os que são sinceros se manifestem entre vós" (v. 19), em lugar de
'diferenças'. Qual a tradução mais acertada?
O que pode
demonstrar qual a tradução acertada é o contexto. Importa que haja heresias no
meio dos cristãos? Caso tenha importância existir heresias entre os cristãos,
isto vai contra tudo o que os apóstolos pregavam.
Perceba que
o tradutor fez um mero trabalho de verificação de léxico, porém, não analisou o
contexto na qual tal palavra estava sendo empregada.
Da mesma
forma a palavra correta no verso 18 é divisão, e não dissensões, o que foi
abordado no início da carta, conforme Paulo foi avisado pelos da família de
Cloé ( 1Co 1:11 ). Observe que Paulo não declina quem lhe avisou que havia
divisões durante as reuniões ( 1Co 11:18 ).
"De
sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do
Senhor" (v. 20).
O que o
apóstolo ouviu acerca das reuniões para se comer a Ceia do Senhor foi o
bastante para a conclusão: as reuniões que faziam não eram para comer a ceia do
Senhor.
A crítica de
Paulo continua sendo a reunião dos cristãos. Eles se juntavam num lugar, porém,
tal ajuntamento não era para comer a ceia do Senhor.
O Problema
"Porque,
comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e
outro embriaga-se" (v. 21).
Este
versículo firma-se no anterior, ou seja, Paulo passa a motivar a crítica feita
no versículo anterior: "Porque...".
Quando os
cristãos de Corinto iam comer reunidos em um mesmo lugar, cada um se apressava
a tomar a sua própria ceia, e conseqüentemente, uns ficavam com fome, e outros,
de tão abastados, ficavam embriagados ( 1Co 11:21 ).
Os cristãos
que tinham o que comer comiam tanto que, ao final do cerimonial estavam
embriagados, e outros que nada tinham, ficavam com fome. Estes estavam
esquecidos que a igreja de Deus é comporta por servos e livres, judeus e gentios,
homens, mulheres e crianças, pobres e ricos, etc.
As
diferenças eram muitas, porém, deveriam ser imitadores de Cristo, como filhos
amados ( Ef 5:1 ; 1Co 10:32 -33).
Para
compreenderemos o texto, faz-se necessário entendermos o modelo de reunião adotada
pelos cristãos primitivos.
A
determinação de Cristo aos discípulos foi específica: todas as vezes que fossem
cear, deveriam comemorar a morte de Cristo até que Ele viesse outra vez ( 1Co
11:25 ).
Os cristãos
de Corinto reuniam-se conforme a determinação de Cristo, porém, cada um fazia
uma ceia 'particular', mesmo quando reunidos em um mesmo lugar. Esqueciam que a
comunhão era tanto na hora de comer, quanto no 'partir do pão'.
A Igreja de
Deus
"Não
tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de
Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não
vos louvo" (v. 22).
A repreensão
do apostolo é enfática: "Não tendes casas onde comer e beber? Ou
menosprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm?". O pouco
apreço pela igreja de Deus é o que motivou a repreensão do apóstolo.
Para
entender o texto, também é preciso verificar sobre qual igreja Paulo está
fazendo referência. Observe que a igreja que Paulo faz referência neste
versículo não é o templo, ou a casa onde ocorriam as reuniões, que hoje
acabamos por denominar igreja.
A igreja de
Deus refere-se ao corpo de Cristo formado pela comunhão em Cristo por vários
povos de diferentes classes sociais e etnias.
A atitude de
cada cristão em fazer uma ceia 'particular' nas reuniões que eram voltadas para
anunciar e comemorar a morte de Cristo até que Ele voltasse estava simplesmente
envergonhando aqueles que nada possuíam.
Esta atitude
causava menosprezo à igreja de Deus, visto que, a igreja ou o corpo de Cristo é
composto por várias pessoas de diferentes classes sociais.
Por que
estava ocorrendo este menosprezo? Porque não compreendiam a dinâmica (mistério)
que envolve a igreja de Deus, ou melhor, o corpo de Cristo. Se eles
compreendessem a idéia da palavra igreja que está contida no Novo Testamento,
eles não estariam participando do pão e do cálice indignamente.
A
compreensão exata que o cristão deve ter a respeito do que é a igreja de Deus
foi descrito por Paulo na carta aos cristãos em Éfeso:
1) A igreja
era um mistério que esteve oculto em Deus, não sendo revelado aos homens em
outras gerações ( Ef 3:4 -5); mas, que agora foi revelado aos santos apóstolos
e profetas;
2) A igreja
é a união de povos (gentios e judeus), onde ambos os povos têm "acesso ao
Pai em um mesmo Espírito" ( Ef 2:18 ). Os gentios são membros do corpo de
Cristo, e Cristo é o cabeça deste corpo ( Ef 3:6 e Ef 5:23 ). A igreja é o
corpo de Cristo ( Cl 1:24 ), e todos estes elementos reunidos formam a idéia
presente na palavra igreja, o corpo de Cristo;
3) Todos os
homens que crêem em Cristo (judeus, gregos, romanos, servos, livres), fazem
parte do corpo de Cristo individualmente. Quando reunidos, havia pessoas de
diferentes raças e classes sociais, mas todos fazem parte do corpo de Cristo (
1Co 12:13 e 27).
4) A igreja,
o corpo de Cristo, foi formada porque Cristo entregou a sua carne (o seu corpo
humano); e, por meio da entrega do corpo de Cristo todos os que crêem tornam-se
participantes da morte de Cristo (morrem com Cristo), e ao serem de novo
criados (ressurgirem com Cristo) por meio da fé, o homem deixa de ter qualquer
vínculo com a sua antiga natureza, como bem expressa o apostolo Paulo:
"Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, Ainda
que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, contudo agora já não o
conhecemos deste modo" ( 2Co 5:16 ). Ou seja, com esta declaração Paulo
demonstra que ninguém deveria se pautar em elementos pertinentes a antiga
natureza para dizer que conhecia alguém dentro da igreja. Deveriam excluir
qualquer tipo de discriminação como: "- Você conhecer aquele irmãozinho, o
escravo de 'fulano'?" Ou, "-Você viu 'bertano', o senhor de
'fulano'?". Depois que o homem aceita a Cristo, a ninguém mais deve
conhecer por elementos pertinentes à carne, visto que, agora, em Cristo, todos
são irmãos, filhos de Deus pela fé e concidadãos dos santos, pertencentes à
família de Deus "Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos, e da família de Deus" ( Ef 2:19 ).
O apóstolo
não aceitou aquela forma de comportamento, pois não foi dessa maneira que Paulo
havia ensinado os cristãos.
Sobre a não
utilização do véu, os cristãos estavam seguindo o determinado por Paulo, e por
isso, foram louvados. Já com relação à ceia, não foram elogiados, visto que,
estavam afastados dos preceitos ensinados por Paulo.
A
Instituição da Ceia
Lemos em Mateus
26 que, no primeiro dia da festa dos pães amos, os discípulos queriam saber de
Jesus onde haveriam de preparar a páscoa ( Mt 26:17 ). Jesus indicou uma casa
pertencente a um homem que ficava na cidade.
Os
discípulos foram e prepararam a páscoa, e à tarde, Jesus assentou-se à mesa com
os doze. Durante a degustação da páscoa, Jesus anunciou que seria traído, e os
discípulos com pesar perguntavam: "Por acaso sou eu Senhor?" ( Mt
26:22 ).
Foi quando
Jesus disse que, aquele que metesse a mão juntamente com ele no prato, este o
havia de trair. Judas, o que traiu, perguntou: "Por acaso sou eu,
Rabi?", e Jesus respondeu: "Tu o disseste".
Enquanto
todos comiam o preparado para a páscoa, Jesus pegou o pão e abençoando,
partiu-o e deu aos seus discípulos. Depois, Jesus pegou o cálice, deu graças, e
deu-o aos seus discípulos, dizendo: "Bebei dele todos..." ( Mt 26:27
).
Enquanto
Mateus focou-se nos arranjos para se comemorar a páscoa, Lucas fixou-se no
desejo de Jesus em participar juntamente com os seus discípulos daquela última
páscoa ( Lc 22:15 ).
Lucas
demonstra que, ao se assentar à mesa com os seus discípulos, Jesus mencionou o
desejo de comer daquela ceia antes do seu sofrimento. Que em seguida, pegou o
cálice e deu graça, e mandou que repartissem o cálice entre eles.
Após
repartir o cálice, Jesus deu graças pelo pão e o repartiu entre os discípulos.
Ao final da ceia, Jesus fez com o cálice da mesma forma que foi feito com o pão
e explicou o significado do cálice ( Lc 22:19 -20).
Enquanto
comiam a páscoa Mc 14:18 , Jesus falou-lhes da traição e em um determinado
momento pegou o pão e o abençoou. Em seguida, parti-o e deu aos discípulos
dizendo: "Tomai, comei, isto é o meu corpo" ( Mc 14:22 ).
Da mesma
forma Jesus lhes anunciou: "Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que
é derramado por muitos" ( Mc 14:24 ).
Isto foi
posto para entendermos o que estava ocorrendo na igreja de Coríntios. Devemos
observar atentamente os moldes em que se deu a ceia ministrada por Jesus.
Na noite em
que foi traído, Jesus e os discípulos estavam comendo o cordeiro da páscoa. Em
dado momento da festa, Jesus pegou o pão e o abençoou e distribuiu aos
discípulos dizendo: "Tomai, comei, isto é o meu corpo".
Isto
demonstra que, como a primeira ceia ministrada por Cristo se deu em meio à
festa dos pães asmos (quando era necessário aos judeus sacrificarem a páscoa),
os cristãos primitivos quando se reuniam para comemorar e anunciar a morte do
Senhor Jesus, acabavam por fazer uma grande refeição semelhante a ceia dos
judeus.
A dissensão
que estava ocorrendo na igreja de Corinto era decorrente da refeição que faziam
antes de comemorar a morte de Cristo.
Observe que
Jesus após cear tomou o pão, ou seja, após comer o cordeiro pascoal que foi
preparado pelos discípulos no dia dos pães asmos, é que foi instituído o
cerimonial em sua memória. Foi durante a páscoa que Jesus tomou o cálice e o
pão, abençoando-os ( Lc 22:7 ).
Podemos
depreender dos textos a seguinte ordem nos eventos narrados:
a)
Preparação para a páscoa;
b) Jesus
assenta-se à mesa com todos os discípulos;
c) Diferente
de outras páscoas, Jesus pega o recipiente que continha o vinho, deu graça, e
entregou aos discípulos para que repartissem entre eles ( Lc 22:17 );
d) Depois,
Jesus pegou o pão, deu graças e o partiu. Entregou aos seus discípulos o pão
dizendo: "Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de
mim" ( Lc 22:19 );
e) Após a
ceia, da mesma forma que foi feito com o pão, Jesus procedeu com o cálice.
Pegou o cálice e disse: "Este é o cálice da nova aliança no meu sangue
derramado por vós" ( Lc 22:20 ).
Não podemos
confundir a ceia referente à páscoa, da ceia que hoje se comemora à morte de
Cristo. Da mesma forma que, antes de comemorarem a morte de Cristo, os cristãos
de Corinto estavam se reunindo para se banquetearem, porém, ignoravam aqueles
que nada tinham.
Recapitulando
os Ensinamentos
"Porque
eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em
que foi traído, tomou o pão" (v. 23).
Paulo passa
a recapitular o que havia ensinado aos cristãos.
O que Paulo
havia ensinado, era o mesmo que recebera de Cristo.
Paulo havia
ensinado os cristãos, que Jesus, na noite em que fora traído, tomou o pão e
tendo dado graças, o partiu e disse:
"E,
tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é
partido por vós; fazei isto em memória de mim" (v. 24).
Jesus manda
os discípulos pegarem e comerem o pão, e lhes apresenta o motivo: o pão
repartido por eles representava o corpo de Cristo, que foi entregue por todos.
Este
cerimonial foi instituído em memória de Jesus e da sua obra pela igreja. Jesus
aponta o objetivo pela qual deveriam pegar e comer do pão: manter viva a
memória do seu nome.
"Semelhantemente
também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo
testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória
de mim" (v. 25);
Após Cristo
terem comido do cordeiro pascoal juntamente com os discípulos (depois de cear),
ele pegou o cálice, que momento antes fora repartido entre os discípulos, deu
graças Lc 22. 17, e disse: "Este cálice é o novo testamento no meu sangue".
O testamento
anterior foi invalidado quando Cristo instituiu o novo.
Os cristãos
devem entender que a base de tudo esta no testamento no sangue de Cristo, e não
no homem. É Cristo a garantia de salvação, e não os nossos atos.
Os elementos
da ceia
Paulo
ensinou que, na noite da traição, Cristo pegou o pão e após ter dado graças
partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isso em
memória de mim" (v. 24);
Sabemos que
o pão não se transforma no corpo ou na carne de Cristo. Antes, ao dizer:
"Isto é o meu corpo...", Jesus estava demonstrando que o pão, naquele
momento, representava o corpo de Cristo, que estava sendo entregue à
humanidade.
Sabemos que
o corpo de Cristo não foi dividido em partes, visto que, nenhum de seus ossos
foi quebrado. Desta forma, sabemos que o pão partido e entregue aos discípulos
não representava que o corpo de Cristo seria dividido em partes, antes que,
cada um dos discípulos, após comerem, passaram a fazer parte do corpo de
Cristo.
Cristo foi
entregue em prol da humanidade, e todos os que crêem passam a condição de
participantes do corpo de Cristo.
Após ter
dado graças e partido o pão aos discípulos, Jesus estava lhes demonstrando que
todos eles constituíam o seu novo corpo. O pão repartido entre os discípulos
representava o corpo de Cristo, ou seja, cada discípulo passou à condição de
participante do corpo de Cristo.
O pão que
foi partido por Cristo representava o seu corpo, e que, após ser entregue aos
discípulos, passou a representar que cada um dos discípulos passaram a compor o
corpo de Cristo.
O pão que
representava o corpo de Cristo estava sendo 'partido' por todos, ou seja, ao
partir o pão e o cálice, os cristãos manteriam viva a lembrança de que todos
faziam parte do corpo de Cristo.
Paulo estava
relembrando os cristãos que, embora fossem muitos, todos individualmente eram
membros uns dos outros, da mesma forma que eram um só corpo em Cristo
"Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas
individualmente somos membros uns dos outros" (Romanos 12: 5).
Da mesma
forma que o pão representava o corpo de Cristo "Isto é o meu
corpo..." (v. 24), cada um dos discípulos passou à condição de membros
deste corpo.
Paulo citou
todos os elementos quando se comemora a morte de Cristo:
a) Jesus
entregou o pão a todos os presentes;
b) todos
estavam comendo a páscoa;
c) o cálice
foi repartido e entregue a todos os discípulos.
Estes
elementos demonstram que todos os discípulos estavam reunidos em um único
propósito: participarem da páscoa.
No antigo
testamento todos os israelitas deviam participar do cordeiro pascoal. Da mesma
forma, Cristo demonstra que todos os cristãos devem participar da ceia
instituída no Novo Testamento, sendo que, até mesmo Judas participou do pão e
do cálice.
Cristo sabia
que Judas era um traidor, no entanto, deixou-o participar do pão e do cálice.
Pedro
participou da ceia, mesmo Cristo sabendo que seria negado mais tarde.
Logo após a
ceia houve uma grande discussão entre os discípulos sobre qual deles haveria de
ser o maior no reino dos céus, mas todos participaram da cerimônia ( Lc 22:24
-30).
No jardim do
Getsêmani todos os discípulos dormiram em um dos momentos mais cruciais,
deixando Jesus só.
Pedro, muito
tempo depois, tornou-se repreensível e Paulo teve que exortá-lo, porém, não há
registro de que Pedro tenha deixado de participar da ceia por tornar-se
indigno.
Todos estes
casos demonstram que questões comportamentais, morais, hábitos e maneira de
viver não tornam os homens indignos de participarem do pão e do cálice.
"Porque
todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte
do Senhor, até que venha" (v. 26).
Ao instituir
a ceia (comer do pão e beber do cálice), Jesus estava:
a) Dando a
entender que os discípulos eram o corpo de Cristo (v. 24), e;
b) Que há
uma nova aliança, um novo Testamento entre Deus e os homens firmados no sangue
de Cristo (v. 25);
c) Comer do
pão e beber do cálice em memória de Cristo é anunciar a morte de Cristo até a
sua vinda (v. 26).
"Portanto,
qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será
culpado do corpo e do sangue do Senhor" (v. 27).
Paulo
demonstrou anteriormente que a ceia é anuncio da morte do Senhor, e neste
versículo remete os leitores a uma conclusão: "Portanto...".
Paulo
demonstra que qualquer um que comer do pão e beber do cálice indignamente, este
será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
Os Indignos
"Examine-se,
pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice" (v.
28).
O versículo
anterior só aponta a condição de indigno, mas não demonstra o que leva uma
pessoa a condição de indigno de participar do pão e do cálice.
Paulo
solicita aos cristãos que façam um auto-exame para que não se vejam em
condenação, para depois apresentar o que de fato torna um homem indigno de ser
participante do pão e do cálice (v. 29).
Paulo
determina que o homem deva examinar-se a si mesmo, e assim coma do pão e beba
do cálice. Observe que Paulo demonstra que não é coerente que outros julguem os
nossos atos "Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela
consciência de outrem?" ( 1Co 10:29 b).
"Porque
o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não
discernindo o corpo do Senhor" (v. 29).
Por que o
homem deve examinar-se a si mesmo? Porque o que come indignamente, comem e bebe
para a sua própria condenação. Ou seja, não é a proibição imposta por outra
pessoa impedindo que alguém participe da ceia, que livrará o outro de ser
culpado do corpo e do sangue de Cristo.
Quem
participa do pão e do corpo indignamente, come e bebe para a sua própria
condenação, ou seja, não há como outra pessoa impor regras e condições para que
outra pessoa se torne digna.
Mas, o que
tornava os cristãos de Corinto indignos de participarem da ceia?
Em uma
primeira leitura do texto, a idéia que sobrevém são os erros diários! Muitos
concluem que os erros são os responsáveis por tornar um cristão indigno de
participar do pão e do cálice! Tremendo engano.
Paulo
declara que se torna indigno de participar do pão e do cálice aquele que não
discerne o corpo do Senhor, ou melhor, aquele que não sabe fazer uma apreciação
do que é, ou no que constitui o corpo do Senhor.
Por não
entenderem qual é o significado do corpo do Senhor, ou qual é o conceito que
envolve a igreja de Cristo, alguns dos crentes de Corinto seriam culpados do
corpo e do sangue de Cristo.
Isto porque
o objetivo de quem participa da mesa do Senhor deve ser única e exclusivamente
anunciar a morte de Cristo. Se alguém usa do cerimonial comemorativo
estabelecido por Cristo de modo indevido, como estava sendo feito por alguns da
igreja de Corinto, acaba por tornar-se culpado da morte de Cristo.
Ou seja, a
condição daquele que se diz cristão e não compreende o que é o corpo de Cristo,
a sua condição é pior que a do incrédulo "Porquanto se, depois de terem
escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus
Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último
estado pior do que o primeiro" ( 2Pedro 2:20 ).
Todos
aqueles que se reuniam para participar do pão e do cálice já haviam escapado da
corrupção do mundo, por meio da fé em Cristo. Porém, caso permanecessem fazendo
distinções, divisões, menosprezando a igreja de Deus, isto demonstra que
continuavam perdidos. Continuavam culpados da morte de Cristo.
Sobre estas
pessoas o apóstolo Pedro disse: "Receberão a paga da injustiça. Tais
homens têm prazer na luxuria à luz do dia. São nódoas e máculas, deleitando-se
em suas mistificações, quando banqueteiam convosco" ( 2Pe 2:13 ).
O versículo
27 e uma conclusão da idéia exposta no versículo anterior "Portanto, (...)
será culpado..." ( 1Co 11:27 ). Desta conclusão decorre dos elementos
apresentados anteriormente:
1) Do que
foi ensinado por Paulo (v. 23 a 26) ao descrever o que foi realizado por Cristo
na noite em que foi traído, e;
2)
Interposto aqui como exemplo de que forma os cristãos devem se portar quanto da
solenidade comemorativa da morte de seu Mestre, que a ninguém descriminou na
cerimônia.
A idéia
geral desenvolvida por Paulo neste capítulo parte da constatação de que havia
divisões quando das reuniões dos cristãos. Estas divisões tinham como elemento
central o cerimonial comemorativo da morte de Cristo, que é a comunhão em seu
corpo e sangue.
Paulo
apresenta as divisões: pressa ao tomar a própria ceia; uns com fome e outros
embriagados; menosprezavam a igreja, envergonhado os que nada tinham.
Este tipo de
comportamento era uma demonstração clara de menosprezo à igreja de Deus, uma
vez que não estavam se importando com os domésticos da fé.
Paulo já
havia ensinado que Cristo instituiu o cerimonial comemorativo de sua morte
enquanto comiam à páscoa, sendo que todos participaram tanto da páscoa quanto
do primeiro ato comemorativo da morte de Cristo.
Depois desta
seqüência de idéias, o apóstolo chega a primeira conclusão: "... será
culpado do corpo e do sangue do Senhor". Neste versículo, 'corpo' e
'sangue' referem-se ao corpo de Jesus que fora entregue aos homens e não a
igreja de Cristo. Observe:
"Pois
todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice..." (v. 26)
"Portanto,
qualquer que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente..." (v.
27)
"...
anunciais a morte do Senhor, até que ele venha" (v. 26)
"...
será culpado do corpo e do sangue do Senhor" (v. 27)
O comer do
pão e o beber do cálice foi instituído para anunciar a morte de Cristo até a
Sua volta, e o cristão que come e bebe indignamente a ceia não esta anunciando
a morte de Cristo, antes é réu da morte de Cristo.
O apóstolo
não esta falando da igreja, organismo vivo e poderoso, onde os seus membros são
'templo' e 'moradas' do Deus vivo, antes faz referência à morte de Cristo
(corpo e do sangue).
Há uma culpa
para os indignos, mas qual? O escritor aos hebreus nos dá uma idéia do que é
ser culpado da morte de Cristo, e não participante de sua morte, como é
necessário para se escapar da ira vindoura.
O homem é
livre de condenação quando se torna participante da morte de Cristo, o que a
ceia representa. Porém, se já não é participante do corpo, e as divisões
demonstram isto, não eram participantes da morte, antes eram culpados do corpo
e do sangue.
"Se
voluntariamente continuarmos s no pecado, depois de termos recebido o pleno
conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas certa
expectação horrível de juízo e ardor de fogo que há de devorar os adversários
(...) De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que
pisar o Filho de Deus, e tiver profanado o sangue da aliança com o qual foi
santificado, e ultrajar o Espírito da graça?" ( Hb 10:26 –29).
O escritor
aos Hebreus alerta que, aquele que foi inteirado plenamente das verdades
contidas no evangelho, e mesmo assim decide permanecer no pecado (o pecado aqui
refere-se a natureza herdada de Adão), não há mais que se oferecer sacrifícios
pelos seus pecados (pecados aqui refere-se a conduta), pois o velho homem
continua vivo e em inimizade com Deus.
Aqueles que
não discernem o corpo de Cristo, que é a igreja, e que continuam a participar
do pão e do cálice, estes são réus, merecedores de castigo. Quando a pessoa não
diferencia o que é o corpo de Cristo, ele acaba sendo egoísta, causando
divisões e dissensões, o que demonstra que ele não está ligado à cabeça da
igreja, que é Cristo.
Quando
alguém faz divisão na igreja, está conforme João disse: "Aquele que diz
que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas" ( 1Jo 2:9
), ou seja, por não saber discernir o corpo do Senhor, permanece no pecado (não
fazendo parte do corpo, que é a igreja e não se conformando com Cristo na sua
morte), estes estão novamente "... crucificando para si mesmos o Filho de
Deus, e expondo-o ao vitupério" ( Hb 6:6 ).
Se estiverem
crucificando para si o Filho de Deus, resta que são réus de juízo, e participam
do pão e do cálice indignamente, para a própria condenação. São culpados da
carne e do sangue.
Conclusão
"Portanto,
qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será
culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e
assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe
indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo
do Senhor" (v. 27- 29).
Os
versículos 27 e 29 apontam um problema no seio da igreja, e o 28 é a solução do
problema.
O apóstolo
solicita aos irmãos que fizessem um auto-exame, e que após este exame,
participassem do pão e do cálice (v. 28). O apóstolo não proíbe o comer do pão
e do cálice, pois só o auto-exame já era suficiente para que o participante
viesse a se conscientizar das questões pertinentes ao corpo do Senhor, que a
Igreja.
Paulo estava
questionado o comportamento individualista de alguns e não aquele que pode ou
não participar da mesa do Senhor. Em momento algum Paulo diz de quem pode ou
não participar da Ceia de Cristo.
Paulo
solicita aos cristãos refletirem, e, após, que participassem do ato
comemorativo que anuncia a morte do Senhor.
Qualquer
pessoa que participa da ceia fora do objetivo principal, que é anunciar a morte
do Senhor, acaba por condenar a si mesmo, pois não sabe discernir o corpo do
Senhor, a igreja.
Assim que,
aquele que participa da Ceia na intenção de santificar-se, ou que participa na
intenção de alcançar o perdão dos pecados, esta enfatuado na sua carnal
compreensão, e participa indignamente.
A Ceia é um
anuncio da morte de Cristo, e a santificação se dá por meio da oferta do corpo
de Cristo "De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor
aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver profanado o sangue da aliança com o
qual foi santificado, e ultrajar o Espírito da graça?" ( Hb 10:29 ).
Por não
compreenderem no que consiste a igreja, surgiu inúmeras dissensões, entre elas
temos: Partidarismo entre os freqüentadores da igreja ( 1Co 1:11 e 12);
Litígios entre os irmãos ( 1Co 6:1 -8); Comiam a ceia em separado ( 1Co 11:21
); etc.
O apóstolo
ao comentar as divisões e dissensões que estavam ocorrendo em Corinto quando os
cristãos comiam a ceia como algo em particular, ele ainda tem em mente uma
idéia exposta em capítulos anteriores:
Base para as
Afirmações Anteriores
"Falo
como a entendidos: julgai vós mesmos o que digo. Não é o cálice de bênção, que
abençoamos, a comunhão do sangue de Cristo? E não é o pão que partimos a
comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só
corpo, pois todos participamos do mesmo pão" ( 1Co 10:15 -17).
O texto do
capítulo 11 deve ser lido segundo o que foi exposto neste dois versículos. Para
entender plenamente o capítulo 11 deve ter em mente as observações seguintes:
Paulo
escreveu a quem foi instruído anteriormente, ou seja, os cristãos de Corinto
deviam entender plenamente o significado do corpo de Cristo, que é a igreja
"Falo como a entendidos"; Uma vez que Paulo já havia ensinado e
louvado os cristãos por terem guardado os preceitos da maneira que foram entregue,
eles já entendiam das questões espirituais ( 1Co 11:2 );
Paulo
escreve a quem já era capaz de discernir as verdades bíblicas através de um
auto-exame "Julgai vós mesmos". Quem havia aprendido de Paulo, sabia
o quanto ele enfatizava à liberdade em Cristo ( 1Co 10:23 ). Daí a necessidade
do auto-exame ( 1Co 11:13 );
Não é o
cálice que traz a bênção para o crente, antes é o crente que abençoa o cálice.
Por quê? Porque o cálice se resume em uma representação do que é real. Nós, que
estamos em Cristo, é que temos comunhão com o sangue e com o corpo de Cristo, e
por isso, abençoamos o cálice da bênção. Cristo abençoou o pão e partiu entre
os discípulos ( Mt 26:26 );
Através do
que é representativo (pão e cálice), todos tornam participantes de Cristo (exteriorização
de uma realidade espiritual), desta forma é o cristão quem abençoa o cálice e o
pão.
A atitude
impensada de alguns (não sabiam discernir o que é o corpo do Senhor), que
participavam da mesa do Senhor imbuídos de sentimentos egoístas (demonstravam
que não estavam anunciando a morte do Senhor), acabava por fazer surgir entre
os cristãos muitos fracos e doentes. Pior ainda, muitos já estavam dormindo.
Fraco - aqui
não faz referência a alguém que pecou, antes àqueles que não entendem
plenamente as verdades do evangelho e que podem ser induzidos a adotarem
comportamentos errôneos ( 1Co 8:9 -10; 2Pe 2:18 ).
Doente - faz
referência àquele que está prestes a perecer espiritualmente, deixando de crer.
Dormem - faz
referência àqueles que perderam a esperança da salvação ( 1Ts 5:6 -8).
O apóstolo
de uma forma amorosa e esplendida orienta os irmãos a que fizessem um
auto-exame de suas condutas diárias, pois então, não seria mais necessário ter
que repreendê-los. Mas, se fosse necessário o apóstolo repreendê-los, que
considerassem que a disciplina do Senhor livra o homem da condenação com o
mundo.
A orientação
para acabarem com as distorções sobre a ceia é clara: esperem uns pelos outros
quando se reunirem para comer; e, se alguém tiver fome, coma em casa.
Todas as
vezes que realizassem o ato de comer e beber do cálice, estariam a anunciar a
morte de Jesus, até o dia de sua volta. Diante disto o apóstolo conclui: se
alguém participar do pão e do sangue de modo indigno, será culpado do corpo e
do sangue, o que leva o participante a ter que examinar a si mesmo para não
participar indignamente.
Concluí-se:
Não há como
alguém que crê em Cristo, conforme diz as escrituras, e que entende plenamente
o que é o corpo de Cristo, tomar a ceia indignamente.
Só aqueles
que dizem amar a Deus, e que não amam os seus irmãos, a ponto de fazer
distinção, divisões e serem egoístas quanto ao partir do pão, é que participam
indignamente à mesa do Senhor ( 1Jo 3:10 ).
Porém, não
há uma proibição quanto ao participar do pão e do cálice, visto que, quem
participa deve examinar-se a si mesmo.
Aquele que
não tem comunhão com o corpo de Cristo, que é a igreja, mas que participa do
pão e do cálice indignamente. Continua sendo réu de juízo, culpado do corpo e
do sangue de Cristo.
Ademais,
percebe-se que quando Cristo disse: "Isto é o meu corpo que é entregue
(repartido) por vós", nós nos tornamos um só pão e um só corpo, pois todos
são participantes do mesmo pão.
Da mesma
forma que Cristo é o pão, nós somos um só pão com Ele. Da mesma forma que
Cristo é Luz, somos filhos da Luz. Da mesma forma que Cristo é o Filho de Deus,
nós somos filhos de Deus.
"Porque
nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, pois todos participamos do
mesmo pão" ( 1Co 10:17 ).
Aquele que
não discerne que todos são um só pão e um só corpo em Cristo e que acabam por
fazer divisões na igreja, é o que participa do pão e do cálice indignamente. É
culpado da carne e do sangue de Cristo.
"Quem
não é participante do pão (corpo), é culpado da carne e do sangue"
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